Poesias

OUTRIDADE

Basta de esperas. Basta de esperas.
De fingidos sonos de árvores caídas
é que o fruto não se apartará, nem
tua fome ele há de saciar. A mover-te
no assalto a ermidas proibidas,
como quem fustiga a harmonia
do mal de entre bosques sagrados,
a pisar forte com suas botas
profanas, é que perderás
os fantasmas da inocência
e verás, quase morto,
a vida outrar-se
o tempo todo, o sopro todo
como se o sonho não se cunhasse
em sombras mas em moedas
tintilantes de sol.
Mesmo de rastos, no escuro
feito presa em palpos
de duras tenazes, que te sugam,
te cobrem de cuspidas peçonhas,
verás, com a alma em chagas,
a vida outrar-se.


30/08/2011

 

 

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