Poesias

Duelo

Porque a paixão não perdoa,
o desejo não espera...
e é de mim que vem o fogo
a nascer de ti, a pôr ovos
entre as nervuras do meu abandono
aberto em flor, de feridas e dor.

Porque a paixão não perdoa
e o desejo não espera,
em duelo matei um homem
que nunca havia visto – uma vida
de carne e osso e alma e sorriso.

Matei um homem, furei-lhe os olhos,
rasguei sua vaidosa sombra – e pisei.

Porque não me condenaram
nem culparam, o homem que em duelo
assassinei não era outro, o cadáver,
senão o meu próprio, ofendido e frio.


30/11/2010

 

 

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