Poesias

COVARDIA

Tudo acabou
para que tudo recomeçasse,
e tudo se havia perdido:
o desejo, o tempo, a palavra.

Foi desse coração carregado
do lodo humano
que tudo tardou a recomeçar.

A fome não esperou,
e tudo virou estrume aos porcos.

Todos os caminhos do mundo
trouxeram os bárbaros
que há muito
afiavam suas garras
na porta de nossa casa,
por sobre os ombros covardes
de nossos desejos,
de nosso tempos,
de nossas palavras.

Todos os caminhos do mundo
trouxeram os bárbaros
de nossa desesperança:
não perguntamos nada,
não revidamos,
esperamos e calamos.
Fomos a provação,
os cúmplices
de nossa própria covardia.


27/04/2010

 

 

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