Poesias
A CORDA E O ARCO
PARA CRISTINA MACEDO
Medir a fome
até quanto pode o coração
suportar
e o senhor dos fôlegos
ventanear.
Medir a fome e perder o medo
mesmo sem marcar
o último tento
e mais retesar a corda
até rebentar o arco
ainda que perdida
a memória dos começos,
a memória dos restos,
a memória do fim.
A coragem de acreditar
em outra margem
de outra coragem
além da força.
Retesar a corda
até o limite
antes de rebentar o arco.
Tencionar as horas
os dias, a seta, o futuro
rumo ao alvo
sem partir-se.
Temos pressa
e estamos sem esperança
de esperar que os desejos
da vontade se cumpram.
Paulo Roberto do Carmo
01/03/2017