Poesias
DE QUE VALE...
De que vale encher-me de vaidades,
soprar bolhas de sabão, se eu cair sete vezes
sob esta carga de sonhos, e culpar os deuses?
De que vale começar,
se eu não tiver forças para acabar
com o mesmo desejo a desvairar-me?
De que vale viver à mercê
do desamor da mulher que não me espera
se a felicidade é aqui, ao pé desta pira fúnebre?
De que vale a alegria,
se eu não colher o doce e o amargo
dos frutos de tua árvore, e lambuzar-me?
De que vale viver sem esta fratura exposta,
se eu não matar um desejo a cada dia, e morrer-
depois de cair a noite- para que não reste dúvida?
De que vale atravessar os dias, os anos
e contar dinheiros e ódios que não cicatrizam
se eu esconder o amor e perder a alma?
De que vale pensar, sonhar, desejar
se mato o tempo e cavo a sepultar-me em vida
só para pensar, sonhar e desejar contra os maus modos?
De que vale manter a tocha acesa,
se eu não iluminar os que estão próximos,
mesmo que chova ou faça sol?
Paulo Roberto do Carmo
09/01/2017