Poesias
LIVRO DE PRECEITOS - 7
Sobre as horas mortas,
na soleira dos horizontes
passam os cavalos da eternidade.
Pela desmedida
partilhamos a desobediência com os deuses.
Pela razão erigimos grão a grão
as pedras da conformidade.
Alquimista, só hei de falar
do desejo irrevelado das coisas.
Do que sei, cal inútil, eu calo.
CaÃdo das trevas, foste criado
para servir e honrar as palavras,
nutri-las nos serpentários
e largá-las ao mundo,
semoventes sinais de interrogação.
Os deuses passeiam na alma.
Se não se manifestam
é porque sonhamos só para dentro.
Não aprendemos a acordar.
Afia as palavras
como o soldado o gládio
para o ajuste de contas.
O poeta
come da árvore da vida
os frutos vassalos da palavra,
e cospe sementes de orgulho.
02/08/2011