Poesias
Que medo tens de ti
Que medo tens de ti –
um quase morto –
ou é do outro?
E culpas o mar
o vento, as tempestades
por teus naufrágios?
Só tens um meio de resistir
nas horas cruas –
é lutando contra ti.
Que medo tens de ti –
que não saltas das trincheiras
nem te engajas com a palavra
a espada –
mesmo sob as lágrimas
que banham tua carne
rasgada pelas baionetas?
Que medo tens de ti –
que não crias o tempo
dos poucos dias que restam,
nem afastas as nuvens
para que o sol se levante?
Que medo tens de ti –
que sonhas com a colheita
e não lavras o campo?
Que medo tens de ti, -
que peregrinas com tua sede
no leito de um rio seco?
Que medo tens de ti –
que não libertas a alegria
para ter o que fazer com os outros?
Que medo tens de ti –
que andas, andas e não sais do mesmo lugar,
caminhas, caminhas, e não chegas nunca?
07/12/2010