Poesias
OUSAM OS DEMÔNIOS
Sobre anjos e homens ousam
os demônios. Como de um morto
saqueiam, de seu silêncio, a palavra.
Andam no meio de suas chagas como
de um jardim, excrementam os juros
de sua ganância, apunhalam suas flores.
Erupção de nojo, envergonham o desejo.
No sopro dos foles, os demônios atiçam os cães
da humilhação sobre os que mais padecem.
Sopro de ira, não de sonhos, os senhores
da fome e do lucro, da carne e dos grãos
pesam injustas balanças, e do valor das coisas
gotejam os pobres sumos, as grandes arrogâncias.
13/09/2011