Poesias

Resistência

De que matéria é feito o sonho,
o que o move nos sustentos:
os músculos do espírito,
os longos suspiros,
o que assassinamos,
os dinheiros, o ser o outro?

Afeitos à fome
nos açoites,
afeitos à morte
na memória das noites,
os deuses,
porque precisam de um rosto
são meus inquilinos.

Se me quiserem
cortar a língua,
para que cale,
então escreverei.
Se me quiserem
amputar os braços
para que não escreva,
então andarei.
Se me quiserem
cortar as pernas
para que não ande,
então sonharei.

O sonho às águas confiarei,
até perder-se
numa curva qualquer do rio,
rumo ao mar, onde nasci,
e por ele ainda renascerei,
vestido de outros sonhos
e outros deuses.


17/05/2011

 

 

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