Poesias

Chão de Crimes

A cavalgar por este chão de crimes,
eu toco a mola dos dias,
e o sonho é meu servo.
Aprendo a arte de revidar.

Sonhar pouco
é coisa de homens
sonhar muito
é digno dos deuses
o mal revidado
e o bem a engravidar-se
do sonho de outro bem
que nasce e vive
e dança e canta
que cria e faz
o impossível dos possíveis
e morre
é tarefa de homens.

Pelos deuses famintos
e contra eles fabrico
adaga e sabre
de meus próprios ossos,
e ainda que eles me espremam
devagar nos lagares,
com pés de ferro,
esganando a minha voz,
até o coração sangrar
calando sob as cangas,
eu não os saciarei!

O quase impossível
de o homem realizar
é só quase.
Com os relâmpagos,
tiro o visível do invisível.


10/05/2011

 

 

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