Poesias

Automortificação

Acordei certa manhã da promiscuidade
dos sonhos com o desassossegado coração
desejoso de crucificar a mim mesmo por
arte e engenho de meus próprios recursos.
Comecei a pregar os pés com as mãos.
Preguei depois a mão esquerda com a
direita. Com grande sofrimento e cruciantes culpas observei que a mão direita
- a que fora mais útil com os cravos
e o martelo – ficara solta, e que meu propósito não se cumpriria satisfatoriamente sem a ajuda solidária de
um dos circunstantes aglomerados ao
redor que assim se oferecesse a cravar-me a mão solitária que acenava em agonia, temendo que a Morte ficasse a lhe dever e o Destino não viesse a se cumprir.



11/01/2011

 

 

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